Depois de uma série de fins-de-semana marcados por condições meteorológicas particularmente adversas e desencorajadoras à prática do nosso desporto de eleição e de uma semana passada a lutar contra uma "bela" constipação chegara finalmente o dia de voltar à estrada com os Ciclomoina para "despachar" a volta "À volta de Montejunto, que transitara da semana passada por culpa, claro está, do São Pedro. Marcada pela aparição do temível "Homem do Martelo", que acertou em cheio num dos participantes ao ponto de impossibilitar a chegada em pelotão compacto, pode dizer-se que se tratou de uma etapa concluída com relativo sucesso.
À saída da garagem, na rampa que a liga à rua, dei por mim a verificar se seria mesmo o 25 que estava emparelhado com o 39, o que é sempre um "bom" indício de as forças não abundarem. É que a etapa da véspera tinha não só servido para quebrar o jejum do ciclismo como para me prendar com um daqueles empenos à moda antiga ao longo de 146 km do carrossel do Oeste engendrado pelo Freitas. O ar estava frio o suficiente para corroborar a decisão de equipar o "Buff" por cima da gola do casaco de inverno. Com tempo de sobra para chegar a Alverca fui deixando cair o peso das pernas nos pedais tentando lidar com o desconforto nas zonas de contacto: mais uma das heranças da maratona de Sábado. Um pouco antes do Jumbo de Alverca escondo-me na roda do Midas e assim sigo, em modo "stealth" praticamente até à chegada sem ele se aperceba da minha presença. A pouco e pouco lá se foi construindo quorum para a empreitada do dia. Com um olho no relógio e outro na estrada, constatando o atraso de "certas e determinadas pessoas", surgiu a ideia de instituir um sistema de incentivo à pontualidade. A ideia, que ainda está em discussão, consiste em punir os atrasos não justificados com o pagamento de uma quantia simbólica, sendo que o dinheiro reunido deverá ser usado na compra de bens de reconhecido valor e popularidade: cafés.
Mas o tema central era outro. Na ementa estavam inicialmente cerca de 100 km de terreno que não era propriamente acessível, particularmente na zona que circunda Montejunto. Ainda assim havia quem se mostrasse capaz de e disposto a subir até à zona das antenas! Com o ritmo a aumentar progressivamente nos primeiros km e com a velocidade a estabilizar nuns consistentes 30 km/h foi difícil não notar a persistência do Luís Lopes na frente. No grupo maioritariamente rosa (forte predominância das cores do novo equipamento) disposto em dupla fila apenas um dos dois lugares da frente foi sendo revezado. Só na chegada a Alenquer é que o homem da Look largou o osso e, mesmo assim, por pouco tempo, pois tinha vestido «demasiada roupa» e precisava do «vento da frente para arrefecer» - justificou. Mais tarde foi com o pretexto de aquecer... O certo é que foram raros os períodos em que não se viu o Luís na frente. No interior da vila o grupo absorveu um par de ciclistas que andava também por aquelas bandas e quando num pequeno topo na zona da ribeira saíram para a frente (talvez impacientes com o ritmo) levaram consigo alguns elementos do pelotão moina que nos metros seguintes impuseram um andamento caustico e inconstante. Quando as picardias cessaram, eu e o Lopes "marcámos" os dois estranhos e aproveitámos uma bela boleia até ao cruzamento para Olhalvo. Na subida da Atalaia criaram-se pequenos grupos com diferentes andamentos. Acautelei-me e fiquei num dos mais recuados receando "dar o estoiro" tão longe da casa. A situação persistiu mesmo até à passagem pelo início da subida ao alto de Montejunto que, apesar das ameaças, não foi desafiado por ninguém. «'Tá muita nevoeiro» - 'Tá bem abelha...
Tinha-se entretanto decidido evitar a Espinheira seguindo em direcção a Alcoentre e regressando pela Azambuja, o que acabaria por somar pelo menos mais duas dezenas de km ao total.
Depois da descida vertiginosa para Vilar o terreno mais acidentado da região de Chão de Sapo reclamou a primeira vítima: um companheiro que veio ao nosso encontro em Alverca na companhia do Vidal começava a dar sinais de quebra quando faltava percorrer cerca de metade do trajecto. Por contraste o Jorge, que tinha feito no dia anterior cerca de 140 km, passava com surpreendente (ou talvez não) agilidade os sucessivos carolos da região do Cercal. Com alguns compassos de espera conseguiu-se sair da rotunda em pelotão compacto e assim permanecer até à paragem no café no interior da vila.
Na ligação a Aveiras as dificuldades do sofredor do dia agudizaram-se. Fizeram-se várias tentativas para tentar manter toda a gente junta mas começava a haver poucos minutos para muitos quilómetros e o Vidal propôs ficar sozinho com o amigo, libertando o resto do grupo desse cuidado e permitindo que este chegasse a Alverca a horas mais razoáveis.
Eu , o Tomané e o Murça partimos então no encalço do pelotão que, em ritmo moderado, se tinha afastado talvez um par de km. Depois de alguns minutos em contra-relógio integramos o grupo à entrada da Nacional, antes da pequena subida que antecede a Azambuja. Na saída da localidade o Nuno passou para a frente com clara intenção de agitar as coisas. Eu mordi o isco e segui na sua roda com resposta dos restantes que também se mobilizaram prontamente para não deixar o tipo fosco da Focus - perdão - o tipo da Focus fosca abrir um metro que fosse. Fez uns bons quilómetros na frente com o velocímetro a morder os 38km/h e quando começou a dar mostras de quebrar logo surgiu o Marco para dar continuidade à iniciativa, mas com o seu toque pessoal, ou seja, subindo em 2 ou 3 km/h a velocidade do rendido. Só à entrada do Carregado é que as coisas voltariam a arrefecer e a permitir alguma troca de palavras...
Com a aproximação da "meta" de Vila Franca de Xira a velocidade voltou a subiu, como de resto se poderia prever, expondo mais uma vítima, desta feita o Paulo Murça que acabou por não conseguir responder como certamente gostaria àquela variação de velocidade. Os principais responsáveis foram o Tomané, logo à saída do Carregado, e o Marco que tomou as rédeas na zona da Castanheira para só as largar a escassas dezenas de metros da placa que delimita a cidade. Ambos desempenharam irrepreensivelmente a tarefa aparentemente inglória de preparar a chegada ao sprint para os demais, à custa da possibilidade de eles próprios o discutirem. Algures pelo meio anda o Luís (Focus) ter-se-á visto a passar pela frente involuntariamente, mas apenas pelo tempo estritamente necessário, procurando livrar-se imediatamente da batata quente nas mãos que lhe caíra nas mãos. Nos derradeiros metros o Pedro Fonseca quebra finalmente a linha e lança-se da minha roda com tudo o que tinha em busca da liderança. Não o consegui fazer, no entanto, sem que o apanhasse em flagrante no preciso momento em que acelerou. Respondi imediatamente e consegui, por isso, segurar-me à sua roda. Mas talvez desanimado pela minha reacção pronta reduziu, deixando-nos vulneráveis ao ataque do Francisco que prontamente passou pela esquerda e assumiu o comando. Incompreensivelmente acabei por me "entalar" entre o Pedro e o passeio à direita e vi-me forçado a abrandar para passar para a esquerda. Quando finalmente me libertei ainda queimei o último dos cartuchos e acabei mesmo por passar o Francisco... mas já para lá do "risco", naquele que foi sem dúvida um dos sprints mais concorridos das nossas voltas.
Daí até Alverca respeitou-se o período de arrefecimento e descompressão, como se recomenda. No final pairava a sensação reconfortante de participar em mais uma bela manha de ciclismo. Surpreendido pela minha boa prestação, tendo em conta as circunstâncias, não pude deixar de me sentir bastante optimista face aos desafios velocipédicos a que me proponho este ano... provavelmente por estar embriagado com endorfinas.
Daí até Alverca respeitou-se o período de arrefecimento e descompressão, como se recomenda. No final pairava a sensação reconfortante de participar em mais uma bela manha de ciclismo. Surpreendido pela minha boa prestação, tendo em conta as circunstâncias, não pude deixar de me sentir bastante optimista face aos desafios velocipédicos a que me proponho este ano... provavelmente por estar embriagado com endorfinas.
Bom dia Moinas
ResponderEliminarEspero que estejam todos bem,pelos vistos ainda não foi desta que subiram a Montejunto.
Eu não tive possibilidades de vos acompanhar, devido a compromissos de ultima hora :)
Continuação de bons treinos e boas voltas, regressarei em breve.
Um abraço a todos
Gaza
Olá MOINAS
ResponderEliminarBoa sessão de endurance neste Domingo, o parte pernas à volta do Montejunto e depois do cafezinho, as rectas a alta velocidade até Vila Franca, onde ainda tentei mas fiquei por aí pois senti logo câimbras, nas duas pernas e parei logo o esforço, não fosse piorar a situação e ficar apeado, fica para uma próxima…
Neste Domingo saímos era um quarto para as nove, se marcasse-mos para as 8:15 com 10 minutos de tolerância, não era melhor? (Eu cheguei a casa quase às 2 da tarde!!!!)
Um grande abraço e continuação de boas pedaladas
Até Domingo
Pedro Fonseca
Boa volta a de domingo,com pena não fui ao topo mas estava demasiado nevoeiro para se poder descer.Este ano promote com o grande luis em forma e o maretas que até mete impressão tem pilhas duracel grande Marco.
ResponderEliminarQuanto a tolerância não á quem tá tá quem não tá tem de por o despertador para, mais cedo.
Amigo Edgar,e Jorge sabado vamos dar uma voltinha.
Bons treinos,que eu ando a dar no duro.
Um abraço.