quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Crónica de Vale de Lobos

A etapa do passado Domingo tinha tudo para ser uma volta ponderada: o traçado era exigente e requeria contenção e gestão de esforço, dois dos Moina estão ainda, em crescendo, a regressar à sua forma "base" e, não menos importante, três dos participantes tinham resolvido aproveitar o tempo magnífico para, na véspera, percorrer a totalidade dos 130 km que compõem a conhecida volta do Guincho, com as consequências habituais que isso trás para as "canetas". Havia, no entanto, gente com outras ideias e, sobretudo com outra disponibilidade física, para quem aquele Domingo constituiria a única oportunidade de aliviar o stress por via dos pedais...

Na partida, em Alverca, reuniu-se um grupo relativamente bem composto. No meio de cerca de uma dezena de elementos notou-se  a ausência do Nuno, desaparecido em combate, talvez em "estágio" para a estreia da nova máquina já no próximo fim de semana. 
Os primeiros quilómetros, tendo a nacional como palco, afiguravam-se como ideais para um correcto aquecimento, o que felizmente se veio a verificar. A primeira subida, de Sacavém para a Apelação, não é particularmente complicada, principalmente por contraste com a de Montemor logo a seguir. No entanto, desde o início que o Midas pautou um andamento... respeitável. Não sendo propriamente a "mata-cavalos" foi suficiente para fraccionar o grupo em dois: um onde seguiram pessoas com juízo suficiente para não embarcar em corridas tão cedo na etapa e outro com meia-dúzia de artistas que não gostam de ficar para trás quando sentem as pernas relativamente frescas. Obviamente que segui neste último, e logo ali agarrado à roda do Midas. Atrás de mim seguiam ainda (pelo menos) o Gazela e o Zé. Na frente ninguém ousou contestar a posição do líder que assim conduziu o grupo em exclusivo até à secção mais inclinada. Nesta fase, e depois do excelente trabalho, o Luís opta por subir um carreto e adequar a velocidade à dificuldade. Eu, por outro lado, decido descer duas mudanças e destacar-me, plenamente consciente de que ia pagar a factura mais tarde.
A ligação a Loures foi feita com tranquilidade (tréguas!) e mesmo os primeiros metros da ascensão a Montemor deixavam a ideia de que os ritmos altos não voltariam a ser adoptados. No entanto, o Francisco  (que confessou ter ido a Santarém de bicicleta no dia anterior) tinha outro andamento em mente e assim que tomou a dianteira calou logo a conversa amena que se tinha instalado, obrigando toda a gente a aplicar-se para não perder o comboio. Felizmente o Zé teve audácia para pedir o que muita gente queria naquela altura (incluindo eu): um ritmo menos severo - «Francisco, tu queres matar os velhos?»  - Apesar de ainda assim ter sido preciso uma neutralização a meio da subida consegui-se manter toda a gente relativamente próxima e no final da descida para o lado de Caneças já o grupo seguia novamente compacto.
A aproximação a Belas ficou marcada por uma boa dose de "saudáveis picardias". Durante alguns quilómetros, e embalados depois de uma descida, trocaram-se olhares desconfiados, forjaram-se ataques e lançaram-se sprints, onde o Midas e o Zé foram dos mais irrequietos. Após paragem para café, nos fofos, o pequeno pelotão viria a "perder" uma parcela significativa dos seus elementos, entre eles o Jorge, que para honrar compromissos familiares seguiu de volta a Loures na companhia do Gazela, do Zé, e do Murça, também eles com as devidas razões para "atalhar".

O terreno que se seguiu, com a passagem em Vale de Lobos, era totalmente desconhecido para mim. Logo a abrir foi preciso transpor duas rampas de elevada inclinação mas as dificuldades estavam longe de terminar. Um autêntico carrossel até ao Sabugo impossibilitou a adopção de um ritmo constante, expôs fragilidades e, inevitavelmente, deixou marcas nas pernas. A tal factura contraída por mim na Apelação começou a ser paga aqui. Antes de Negrais houve paragem forçada por um furo. Desta vez o sorteado fui eu, que logo por azar não trazia kit para a emergência. Felizmente havia quem tivesse. Com uma câmara do Vidal e uma cápsula de CO2 do Tomoné lá se deu conta da situação. Ainda assim, foi preciso mais um par de vezes para introduzir mais ar no pneu. Valeu a habilidade do Francisco (e da sua bomba) para que, finalmente, tudo voltasse à normalidade. Pelo meio "perdemos" o Tomané que optou por seguir directo a Ponte de Lousa para, nas palavras dele,  «não fazer esperar a "Maria"».

A ligação à Malveira foi particularmente... penosa. Depois do sobe e desce de Vale de Lobos nada "melhor" que adicionar um pouco do "parte-pernas" de Santo Estevão das Galés" para aumentar o stock de ácido nas pernas. Havia, no entanto, quem demonstrasse por esta altura um surpreendente frescura física, em particular o Luís "Midas" que assim que se apanhou na estrada que conduz à Venda do Pinheiro não hesitou em meter carga. Mas a máscara de invulnerabilidade acabaria por cair mais tarde, antes da derradeira subida do Cabeço da Rosa e já depois de uma ligação Venda - Bucelas relativamente descontraída. 
Eu que vinha também "preso por arames" fiquei para trás com mais uma vítima do "Homem do Martelo" a dar uso ao 25. Os restantes seguiram no seu paço natural pelo Cabeço acima, aguardando depois no topo. Descermos finalmente para Alverca e despedimos-nos do Francisco, que optou por entrar na N10 pela Verdelha antes de despacharmos a recta da Sagres e o sempre castigador topo do Cabo. ´Ta feito!

5 comentários:

  1. Bolas..Bolas de que me livrei!, sábado se não chuver quem quer ir ao Montejunto, batizar a bicicleta do Carlos da Póvoa?, abraços e boas pedaladas.

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  2. Francisco Pereira27/10/2010, 21:20:00

    Excelente relato. Estava em pulgas!
    Sobre a volta, não conhecia a maior parte do trajecto e gostei imenso. Acho alguma, não muita, "piada" a este tipo de trajecto com muito sobe e desce. Em relação à subida para Montemor, posso dizer que já a tinha feito várias vezes, mas sempre com bike de btt. Com bike de estrada foi uma estreia. Sobre o Zé me ter chamado à atenção por o ritmo que impus na dita subida, ser um pouco elevado, só tenho a dizer que em boa hora o fez, uma vez que somos um grupo e como tal devemos adequar o andamento aos diferentes ritmos individuais. Isto por vezes é muito fácil de dizer e escrever e no terreno já não é bem assim. Contra mim falo. Sorry.
    Este fim-de-semana não vou estar por cá.
    Desejo um bom fim-de-semana para todos com muita pedalada, se possível.
    Um abraço,
    Francisco Pereira

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  3. Francisco,
    São iniciativas como a tua em Montemor ou a do Midas na Apelação que dão um colorido extra às nossas voltas, devendo ser encaradas com naturalidade. A chamada de atenção por parte do Zé, tal como eu a interpretei, não passou disso mesmo e não deve ser encarada como uma crítica severa à tua acção nem tão pouco merecedora de um pedido de desculpas da tua parte porque a verdade é que todos nós gostamos de abanar o vespeiro de vez em quando :P
    Abraço.

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  4. Francisco Pereira28/10/2010, 19:12:00

    Também interpretei como uma chamada de atenção e não uma crítica. E é como tu referiste e bem, um abanão de vez em quando até é saudável e torna as voltas mais interessantes, desde que depois saibámos esperar no sítio certo pelos que foram ficando um pouco mais atrasados.
    Uma vez mais, bom fim-de-semana.

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  5. Amigo EDGAR não desapareçi apenas foi andar sozinho(fazer uma volta mais pequena)o meu tempo favorito tambem eata a chegar (e o de andar sozinho pois ninguem gosta de andar á chuva tirando o meu amigo carlos)quanto a bike tá dificil pelo que sei só lá para o final do mês pois so começam a ser feitas dia 1/11/2010 mas tambem nao faz falta,um abraço e ate domingo.

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