segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Pseudo-crónica da volta dos 3 montes

Foi numa manhã nublada e com alguns chuviscos que se realizou-se mais uma etapa com assinatura Ciclomoina. O tipo de terreno acabou por condicionar fortemente o comportamento do pelotão e as movimentações individuais, como de resto se esperaria, mas os fraccionamentos ocasionais foram voluntariosamente compensados com o espírito de entreajuda que caracteriza o grupo, com os mais aptos à montanha a esperar por aqueles que nela encontram maiores dificuldades.


Praticamente todos os que se apresentaram no local e à hora habituais tinham verificado o percurso com antecedência neste blog. Sabiam, portanto, ao que vinham, com tudo o que isso pode ter de bom e de mau: em situações mais exigentes pode ser desmoralizador pensar nos obstáculos que ainda falta ultrapassar. Cinco tinham participado no dia anterior em mais uma volta “à Freitas”, mas alguns tiveram a lucidez e o bom senso de encurtar a referida etapa e chegar a casa a horas “decentes”. Eu, o Carlos e o Jorge fomos menos “responsáveis” e levámos chapa 160... Quilómetros, pois claro. Este facto motivou repreensões por parte de alguns Ciclomoina que argumentaram não ser benéfico para a equipa ter alguns elementos a abusar das forças no Sábado em detrimento das voltas de Domingo. É justo, reconheço, mas para quem, como eu, só tem tido possibilidade de ciclar aos fins-de-semana é difícil não querer espremer ao máximo o tempo disponível para satisfazer o bichinho do ciclismo.

O grupo partiu em direcção a Loures em ritmo descontraído. Na rotunda do Cabo, Vialonga, juntou-se ao pelotão o Luís (Midas) e uma rotunda depois o Carlos (do Barro). Um pouco antes da loja PinaBike cumprimentámos a respectiva equipa, que saíra cerca de 10 minutos antes da bomba da BP, como habitualmente sucede aos Domingos. Minutos depois avistava-se o primeiro prato do dia: subida ao cabeço de Montachique via Sete Casas. Logo nos primeiros metros destacou-se um quarteto composto pelo Zé, Carlos do Barro, Alexandre e Gazela, não por terem aumentado deliberadamente a velocidade mas simplesmente por seguirem no seu andamento natural. Privado do meu ciclocomputador, que estava por essa altura nas instalações da Sigma na Alemanha para diagnóstico de um problema, restava-me “ouvir o corpo” para conseguir dosear o esforço. Fiquei com os restantes e juntos fomos vendo o espaço para os da frente aumentar progressivamente até deixarmos de os avistar. Ao que parece, a passagem pelo topo teve direito a sprint, com o Alex a responder ao outsider Pedro que, equipado com uma BTT, fez uma subida de trás para a frente com um passo muito certo e foi tentar, nas palavras da Brasileira “roubar a fita” da “meta” aos homens da frente. Trouxesse ele uma bicicleta de estrada e o desfecho ter-lhe-ia sido certamente mais favorável.

No topo os mais rápidos esperavam e uma vez recomposto o pelotão iniciou-se a descida por Ribas com cautela redobrada uma vez que havia água na estrada. A ligação a Bucelas fez-se sem grandes incidências e com a preocupação de aproveitar o terreno menos exigente para descansar e recuperar convenientemente.

Não foi preciso subir muitos metros em direcção a Santiago dos Velhos para que se formassem vários grupos com diferentes andamentos. Na frente seguiam os suspeitos do costume, com destaque para o Zé, o Carlos do Barro e o Pedro que fizeram praticamente toda a subida na frente. Pelo meio houve ainda tempo para uma das acelerações explosivas do Marco sem que esta tivesse, no entanto, desencadeado mudanças de ritmo nos restantes. Lá na frente terá sido o Zé o primeiro a carimbar a passagem no topo em disputa com o Pedro, segundo me foi dado a conhecer. Depois do reagrupamento no topo seguiu-se em direcção ao Forte de Alqueidão como tinha sido intenção do Zé quando idealizou o percurso, e não se fez a descida para Pontes de Monfalim mostrada, por imprecisão da minha parte, no mapa com o percurso publicado no blog.

Até ao Sobral, onde houve direito a pausa para um cafezinho, fomos brindados com alguns chuviscos que, aliados à temperatura que teimava em não subir, foi arrefecendo o corpo e o ânimo dos nesse momento um pouco menos “bravos” do pelotão. Sobre a passagem no Forte de Alqueidão pouco sei mas a avaliar pelo fosso cavado para o resto do grupo diria que esteve longe de ser pacífica. Carlos do Barro, Zé, Pedro, Alexandre e gazela eram os mais destacados. A ligação à Arruda foi feita em ritmo vivo com o intuito de aquecer mas à entrada da vila houve, mais uma vez, a preocupação de neutralizar.

Chegava a hora de enfrentar a derradeira dificuldade da tirada, a tantas vezes transposta subida da Mata. A impor um ritmo certo logo desde início esteve o incansável Zé. Por contraste com o comportamento de poupança que adoptei nas primeiras subidas decidi que poderia queimar alguns cartuchos e tentar manter-me junto da frente e por isso procurei a roda mais certinha que é precisamente, como todos reconhecerão, a do Zé. Apesar do andamento estar um pouco acima da minha zona de conforto fui conseguindo acompanhar com relativa facilidade o grupo da frente onde se mantiveram também o Alexandre, o Marco e, se bem me lembro, o Pedro. A determinada altura o Marco resolve passar para a dianteira e aumentar significativamente a velocidade. As ocasionais trocas de palavras que iam ocorrendo até então cessaram e os quatro elementos que restavam no grupo da frente assumiram abruptamente uma postura competitiva. Alea jacta est.

Com as pernas a acusar os quilómetros em excesso tive de “dar o litro” para não descolar. Quando o Marco começou a dar mostras de abrandar o ritmo foi rendido pelo Zé... e o sofrimento continuou. O topo aproximava-se rapidamente e era óbvio que iria ser discutido. Tentei refrear o impulso eticamente questionável de ultrapassar a escassos metros do final o homem que mais trabalhara durante a subida. Mas os “sintomas” instalaram-se. O batimento cardíaco tornou-se perceptível, as pernas endureceram, a mente focou-se na sensação de bem-estar que se estabelece após um pico de esforço no final de um treino longo e a adrenalina disparou. A menos de 100 metros do topo desci a corrente e acelerei, com pronta resposta do Marco que acabou por partilhar comigo a liderança nos metros finais. Soube bem fisicamente mas não deixou de causar alguns remorsos. O Zé foi, de longe, o mais forte e prestável da volta e ultrapassá-lo nestas circunstâncias pareceu-me um pouco... cruel.

Na zona do A-dos-Melros, com a maioria das pessoas a desejar um regresso tranquilo houve ainda tempo para o Tomané fazer notar, ao seu estilo, que a volta só acaba em Alverca: tomou a dianteira do pelotão e comandou-o encosta abaixo em ritmo aceso com direito a sprint final. Paragem em Alverca para as despedidas que se impõem e para consultar os registos: 1200 metros de acumulado vertical, segundo o Polar do Rafael, e uma distância total que deverá ter ultrapassado ligeiramente os 80 km.

Para os que seguiram em direcção à Póvoa houve ainda tempo para testar as propriedades hidratantes da cevada e o valor nutritivo dos tremoços, acompanhados por uma agradável e descontraída prosa numa esplanada de um café junto à N10. Para a semana há mais.

7 comentários:

  1. Sem palavras…e não é pelo cansaço da etapa, mas pela magnífica jornada de ciclismo proporcionada pelos Ciclomoina.

    Este é um grupo verdadeiro no sentido mais lato da palavra…Grande companheirismo, grande entreajuda.

    Quanto á etapa não consegui acompanhar os primeiros logo na primeira subida…mas fiz a restantes melhor. Começa a ser crónico e sem explicação o inicio das etapas para mim…depois o resto vou fazendo.

    Um muito obrigado ao Tomané e ao Edgar pela ajuda nas ascensões.

    Aquela descida final, que espectáculo parecia que tínhamos motores.

    Tenho que retomar os treinos semanais…coisa que tem sido difícil no último mês e meio.

    Já sabem contem sempre comigo volta sim volta não.

    Um grande abraço a todos.

    PS – Aqueles 3 dedos de conversa e a mini e meia na esplanada…bem só vos digo – DIVINAL

    Rafael Monteiro

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  2. Desde já aqui fica um agradecimento a todos os intervenientes desta jornada.
    Aqui vai o meu comentário, simplesmente espetacular uma tirada mesmo ao jeito dos verdadeiros trepadores. Para mim foi uma volta como se diz na gíria com a corda no pescoço devido ao meu perfil, mas o final mesmo ao meu estilo dei tudo e que me restava de forças. O andamento até Alverca foi alucinante.

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  3. Boas colegas e para a semana

    qual é a volta

    Alexandre silva

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  4. Guincho. Informação detalhada em breve.

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  5. Sim senhor um blog mais aperfeiçoado, estou satisfeito com o trabalho desenvolvido, o comentário da volta do passado Domingo está divinal, parabéns Felizardo. Bem é escusado dizer que gosto muito da volta para Domingo.
    Um abraço aos Ciclomoinas,
    Jorge

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  6. Boa noite Moinas

    Mais uma volta de Domingo espectacular, dentro de um bom ambiente.
    Parabens mais uma vez ao Edgar pela cronica.

    Domingo farei os possiveis para estar presente, e para ver se é desta que vejo a nova bicla do alexandre

    Um abraço
    Nuno Mendes ( Gazela )

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  7. Meus caros amigos cuidado com o sabado,que este domingo e duro.
    Porque torna se muito facil as voltas.


    Alexandre Silva.

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