segunda-feira, 3 de maio de 2010

Abrigada: uma vertente sofrível... mas por pouco

Com a ameaça de mais uma tentativa de fuga do Alexandre a pairar no ar acabaria por ser o "outsider" Pedro a carimbar a chegada ao alto de Montejunto numa etapa condicionada por vento Norte moderado/forte que causou uma considerável disparidade entre as velocidades médias da ida e da vinda.

Passavam dez minutos das oito quando um grupo de destemidos partiu de Alverca para fazer frente aquela que é, sem dúvida, uma das mais exigentes subidas da região. Entre os ausentes destacam-se o Gazela e o Zé, dois homens que se dão particularmente bem na montanha e que teriam certamente algo a dizer nos momentos mais complicados da etapa. Logo nas primeiras pedaladas notou-se a preocupação com a poupança de recursos. Era crucial chegar o mais fresco possível à Abrigada de modo a poder concretizar uma ascensão relativamente rápida e sobretudo menos penosa, se é que tal é possível. O vento frontal também não incitava propriamente a grandes loucuras e não foi de estranhar, por isso, que o andamento adoptado pela grande maioria fosse muito modesto. A destoar desta grande maioria esteve o Alexandre que por estar claramente mais "rodado" que os restantes elementos do grupo escolhia uma velocidade de cruzeiro um pouco mais elevada ganhando, de tempos a tempos, alguns metros em relação ao pelotão.

Na rotunda do alto de Alenquer, onde o grupo chegou relativamente compacto depois de um bom trabalho do Pedro, um pequeno grupo incluindo o Alexandre, Carlos do Barro, Pedro, isolou-se na frente. Este trio só viria a aguardar e a ser alcançado a escassos metros do início da subida propriamente dita. Na passagem pela Ota mais alguns elementos destacar-se-iam também em posição intermédia optando, no entanto, por esperar na aproximação à Abrigada.

Logo na primeira rampa, a do famoso cotovelo que a descer requer boa negociação e sobretudo travões, a "bolha" marcou 17% e percebi imediatamente que o 39x25 era escasso para aquele tipo de aventura  forçando-me a abdicar da posição mais eficiente e a ter de pedalar em pé, o que costuma dar mau resultado numa fase tão prematura de uma subida com estas dimensões.  Foi o Pedro, o vizinho do Tomané, a pautar assumidamente o andamento e a causar a primeira e principal ruptura no grupo, destacando-se um quinteto onde para além de mim incluía também o Alexandre, o Carlos do Barro e o Luís (Focus). Mesmo antes do final da rampa o Pedro conseguiu ainda isolar-se temporariamente cerca de 15 metros dos restantes mas o espaço foi eficazmente fechado pelo Carlos, com resposta mais ou menos pronta dos restantes. A entrada no cruzamento com a estrada que liga ao Cadaval foi feita com os cinco praticamente juntos e a alta velocidade, depois de assegurar que a estrada estava livre de trânsito. O Luís aproveitou o "balanço" para inventar uma meta volante e passar uns segundos pela frente, numa altura em que a corrente saltava da pedaleira da bicicleta do Carlos e obrigou a um pequeno compasso de espera.

Naquela que constitui a mais dura porção da subida o Pedro seguiu no seu ritmo natural, moderado mas constante, e acabou por cavar um fosso para os quatro. O Luís optou por não forçar e escolheu um passo mais suportável o que lhe custou a permanência no grupo perseguidor que se via então reduzido a 3 elementos. O Carlos foi o próximo a partir, deixando-me a sofrer na roda do Alex, mas foi apanhado na passagem pelo cruzamento do Quartel graças ao esforço exclusivo deste último que, por vezes, parecia estar a querer ver-se livre de mim. O Carlos ligou o "cruise control" e eu e o Alex limitá-mo-nos a tentar não descolar. O traçado sinuoso da derradeira fase trouxe o fugitivo de volta ao "radar" mas a distância era já suficiente para impossibilitar uma reabsorção. Os últimos 20 metros da subida propriamente dita foram feitos com uma valente ajuda do vento, com os 3 perseguidores a carimbar o mesmo tempo na "contagem de montanha" a cerca de 1 minuto do primeiro. Até ao portão das instalações da Força Aérea, ainda tive oportunidade de testar as pernas depois de toda aquela carga ter sido subitamente retirada, o que é sempre uma sensação interessante. Como estava muito vento não houve neutralização no alto, como de costume, mas antes no cruzamento do Quartel. Até lá cruzei-me com os restantes elementos, o Luís "Focus", o Marco, o Luís Lopes, o Pedro Fonseca, o Nuno e o Jorge que fizeram uma excelente subida. O Tomané, que estava claramente afectado por problemas de garganta, optou por esperar na intercepção. Depois do reagrupamento desci em direcção a V.V. dos Francos, onde houve pausa para café, a velocidades verdadeiramente alucinantes seguido de perto pelo Pedro.

O regresso a terreno plano e o vento pelas costas convidavam a meter ferro e não foi preciso esperar muito para que surgissem as primeiras picardias. A ligação a Alenquer foi extremamente rápida. Pelo meio ainda troquei umas palavras com um dos companheiros de Alcoentre que nos seguiram durante alguns quilómetros mas o ritmo não era propício a grandes conversas.

Na entrada da nacional houve nova neutralização, depois de na passagem pela vila um trio se ter destacado ligeiramente. O vento continuava de feição e o grupo manteve-se compacto até ao Carregado, altura em que o Tomané toma as rédeas do pelotão e acelera causando nova ruptura. É depois rendido pelo Pedro que conduz um pequeno grupo até à rotunda que antecede Vila Franca, onde nos questiona sobre a possibilidade de aguardar ali para novo reagrupamento. Eu vinha lançado pelo interior da rotunda com o Alexandre e o Marco na roda e respondo-lhe que não. O ritmo era bom demais para não o aproveitar para mais um sprint à placa da cidade. Em crescendo dei continuidade ao trabalho do Pedro (que por esperar uma neutralização não terá seguido connosco) numa perspectiva de abrir mais tarde para o Alexandre. No entanto, por aquela altura parecia já não haver grandes forças para ultrapassagens e as posições mantiveram-se até à "meta".

Em Alhandra houve um convite para a mini por parte do Nuno mas apenas eu e o Alexandre correspondemos. Os restantes seguiram viagem por forma a cumprir com as obrigações a que a data obrigava. 

Cerca de 98 km com 27km/h de média incluindo alguns compassos de espera activos nas neutralizações, não está mau. Da minha parte fiquei agradavelmente surpreendido por ter conseguido arrastar o meu "coiro" de 82 kg até lá acima com o  mesmo tempo que o duo Alexandre e Carlos, embora o tenha feito adoptando uma atitude puramente defensiva, sem nunca contribuir para a anulação de espaços ou assumir a dianteira. Ainda assim deu para sofrer... e bem!

Para a semana temos a nossa preparação de endurance. 170 km em terreno essencialmente (mas longe de ser totalmente!) plano. Novidades para breve.

9 comentários:

  1. Amigo Felizardo muito boa a crónica, também aproveito para dizer que estás um lutador, levando os levezinhos a aplicarem-se, bom eu espero que para Junho esteja mais a altura deste pelotão, haver vamos, continuo a minha saga de perda de peso que por vezes trás dissabores perda de energia. Abraços aos ciclomoinas

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  2. Olá a todos

    Mais uma etapa com uma dureza extra, já a subida por V.V.Francos é dura quanto mais por Abrigada.
    Para alguns não era a primeira vez mas para mim foi, com algumas condicionantes devido a problemas respiratorios fui impondo o meu ritmo e consegui chegar ao topo. Na volta ao local de partida tentei sempre dar o meu melhor, era um terreno a meu favor.
    Foi pena a ausência de alguns elementos ditos trepadores natos (Zé e Gazela), pois sempre poderia haver mais animação na abordagem ao topo.

    Para semana vamos ter uma etapa também ela exigente mas desta vez praticamente plana 170km, a fim de preparar o próximo objectivo da equipa o Contra-Relógio - CPCD.

    Agradecia a comparência de todos aqueles que pretendem integrar a equipa no Contra-Relógio.

    Bons treinos e até domingo.

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  3. Boas,

    A volta de Domingo como todas as outra foi um espectaculo, fiz a subida quase toda com o Pedro Fonseca e o Nuno, nos ultimos dois klm o Nuno acelerou e pronto adeus...

    Continuei com o Pedro por ali acima, no ultimo klm cruzamos com os levezinhos já a descer.

    Considero que fiz uma boa subida dentro das minhas possibilidades.

    Bons treinos,

    Luis Lopes

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  4. Caros estão de parabéns

    Deu para sofrer um bom bocado com o vento que estava.

    Mas a subida é de cortar os pulsos, com a força que é aplicada 38x25 muito duro.

    Parabéns Edgar com o 39x25 e tu Nuno 39x23 grande maluco.

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  5. Olá pessoal,

    Muito boa volta, a 1ª vez que conheci o Montejunto foi por esta vertente e desta vez fiz 1º na companhia do Nuno e pouco depois com o Luis Lopes, um trio, até o Nuno disparar, até às antenas, o Luis ainda tentou ir com o Nuno mas acabou por esperar por mim e subimos a 2, foi a bem sofrer e já com a companhia do Jorge no ultimo quilometro chegamos ao alto.

    Na descida com o vento forte não deu muito para esticar, bem senti os abanões do vento...

    Penso que subi melhor desta vez do que da ultima por V V dos francos, só falta fazermos a subida por um lado, não é?

    Parabens ao Edgar pelas suas cronicas a cada volta.

    Para Domingo não há problema de seguir com o pessoal, não?

    Bons treinos

    Até Domingo

    Pedro Fonseca

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  6. Boa Tarde Moinas
    Parece que tudo correu bem no Domingo passado.
    Com muita pena minha não estive presente, para fazer a subida pela Abrigada.
    Tomane estás melhor?espero que sim...
    Domingo lá estarei para meter mais uns km nas pernas.

    Bons treinos
    Um abraço a todos

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  7. Pedro,

    Não há problema nenhum. Quantos mais melhor :)
    Abraço

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  8. OLÁ MOINAS:TIVE MUITA PENA DE NÃO PUDER TER FEITO A VOLTA DE DOMINGO,A CABEÇA QUERIA MAS O CORPO NÃO ME DEIXOU,SINTO-ME MUITO CANSADO NESTE MOMENTO SÓ TENHO FORÇAS PARA O OBEJECTIVO N:1,QUE É O TRABALHO,QUANDO ESTIVER
    BEM APAREÇO,CONTINUAÇAO DE BOAS VOLTAS:CUMPRIMENTOS A TODOS:ZÉ MOINA:

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  9. Quem vai pedalar Sábado? sugestões para volta, abraços moinas.

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